domingo, 27 de setembro de 2009

Mal interpretado até quando?

José Sarney, presidente do Senado, parece estar longe de seus dias de descanso. Nesta semana, ele foi novamente alvo de severas críticas de especialistas em política e lideranças de entidades civis ao comparar o parlamento e a mídia.
O senador afirmou, nesta terça feira, na sessão especial do Senado em homenagem ao Dia Internacional da Democracia, que a mídia se transformou em “inimiga das instituições representativas”. Segundo ele, a discussão sobre quem é o atual representante do povo: a mídia ou o parlamento é um tema debatido por todos atualmente. “A tecnologia levou os instrumentos de comunicação a tal nível que, hoje, a grande discussão que se trava é justamente esta: quem representa o povo?... não estou dizendo isso aqui, estou repetindo aquilo que, no mundo inteiro hoje se discute”, declarou.
Sarney também defendeu o parlamento e afirmou que este recebe freqüentes críticas, pois, ao contrário dos outros poderes, sempre toma decisões de maneira aberta.
Para César Brito, presidente da OAB, a declaração de Sarney é condenável. A mídia declarou Brito, trata de um bem fundamental: a liberdade de expressão e sem esta, “não existe Estado de Direito”. Grande parte da população também reprovou a declaração de Sarney postando comentários em blogs, sites de notícia, Twitter e outros.
Após grande crítica, a assessoria de Sarney divulgou nota, no dia seguinte ao discurso, enfatizando que Sarney não teve a intenção de criticar os meios de comunicação. A nota esclarece que Sarney fez apenas uma “apresentação teórica sobre o antagonismo do imediatismo da mídia eletrônica ao prazo dos mandatos parlamentares”. Para ele, é necessária uma reforma política urgente devido à nova sociedade da comunicação. O mandato de quatro anos seria dessa forma, incompatível com a velocidade da Internet. O diretor-executivo da Transparência Brasil, Cláudio Abramo, ressaltou que o fato de Sarney justificar que foi mal interpretado, em vez de melhorar, piorou a situação para o lado dele.
Não foi esta, a primeira vez na qual Sarney condenou o papel da mídia. Recentemente, ele atacou jornalistas afirmando que a imprensa “devassa a privacidade dos parlamentares” e que estavam fazendo uma campanha contra sua permanência no cargo agravando assim, a crise no Senado. Interpretações errôneas sempre existirão, mas esse fato mostra a importância de sermos mais claros quanto as nossas declarações. Sarney, que já está na política há anos deveria ser mais cuidadoso na hora de tocar em temas delicados e fazer comparações, ao invés de se fazer de injustiçado.




Paula Bordallo Silveira
é aluna das Faculdades Integradas Hélio Alonso
18/09/2009

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